terça-feira, 29 de novembro de 2011

O que é um verdadeiro amigo?


Será alguém que não finge ser nosso amigo?
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Existirá um conjunto de características que distingam os verdadeiros amigos dos que não o são?
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E se a pessoa não tiver alguma(s) dessas características, já não é "verdadeiro" amigo?
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Ou basta que a pessoa em questão seja honesta e queira o nosso bem e, já agora, nos ajude da forma que puder (mesmo que de vez em quando meta as patas)?
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Por exemplo, uma amiga disse-me que um verdadeiro amigo saberá sempre ler-nos na alma se estivermos tristes mas a fingir que não estamos.
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A minha perplexidade, naturalmente, passa pela dúvida que a "verdadeira" amizade crie no amigo a sensibilidade e a percepção para ultrapassar as máscaras que todos nós usamos e que alguns de nós usam tão bem.
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Neste caso específico:
Um verdadeiro amigo, veria além dessa máscara e perceberia a nossa tristeza e depois disponibilizar-se-ia para nos ajudar. (mas se percebesse e não quisesse ajudar, ainda assim seria verdadeiro amigo?)
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Por outro lado, uma pessoa que não percebendo a nossa tristeza, mas que depois de nós a declararmos, fizesse o que estava ao seu alcance para nos ajudar, não seria um verdadeiro amigo?
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Ou para ser "verdadeiro", há que juntar ambas as características?
E justifica-se um tal rigor na classificação de "verdadeiro" amigo?
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E por curiosidade, no segundo caso, o que chamaríamos a essa pessoa que nos ajuda?
Simplesmente amigo?
E será possível existirem (simples) amigos e verdadeiros amigos?
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Não cessa de me espantar esse desejo que tanta gente tem e tenta colocar em prática de serem "adivinhados". De esperarem da outra pessoa a capacidade de saberem o que se passa com elas quando elas não o dizem e quando, muitas vezes, nem a própria o sabe.
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Eu também gostaria de ser adivinho e de ser adivinhado.
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Mas, se por vezes sou um ou outro, tenho a noção de que tanto mal entendido, tanta confusão e dor resulta deste desejo...

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Para onde fogem?
Rui Herbon

Os alemães recordaram que fez meio século que os dirigentes da então República Democrática Alemã, uma das ditaduras comunistas mais asfixiantes surgidas depois da Segunda Guerra Mundial, ordenaram a construção de um enorme muro para impedir que os cidadãos submetidos àquele regime opressivo fugissem para a parte de Berlim que, controlada pelos aliados ocidentais, constituía a passagem para a Europa da democracia, dos direitos humanos e da combinação menos imperfeita entre igualdade e liberdade.

O muro de Berlim foi baptizado como uma ferramenta de “protecção antifascista”, uma pérola da cínica retórica totalitária. Infelizmente, hoje ainda há quem se autodenomine antifascista mas que, com as suas atitudes e acções, não faça mais que imitar tudo o que diz combater.

Por exemplo, o PCP queria derrubar Salazar ao mesmo tempo que era apoiado por Estaline e depois Ceausescu, um desconcertante paradoxo. Claro que agora ninguém defende a Alemanha comunista, mas ainda ouvimos justificações para o regime cubano e chinês, pela via sentimental ou tecnocrática. Sempre embusteiras, claro, porque nenhum dos que as formulam quereria viver como os cubanos ou os chineses.

 É certo: há nostálgicos e há espertalhões que defendem seja o que for desde que sirva para manter o seu negócio. O que não há, entre as elites, é desinformados. Sabia-se o que era a RDA e sabe-se o que são Cuba, China, Síria, Arábia Saudita ou Irão.

E, em caso de dúvida, temos o senso comum. Em que direcção fugiam os alemães? Isso diz tudo. Corriam do leste para ocidente e não ao contrário, assim como agora há quem vá de sul para norte, também por razões de liberdade, de justiça, de guerra e fome. Se nas escolas se explicasse a fundo em que direcção os povos fugiram ao longo dos tempos, talvez houvesse menos mal-entendidos e mais prevenção perante certos profetas.

Gamado daqui:
http://jugular.blogs.sapo.pt/2809450.html


terça-feira, 13 de setembro de 2011

Citações #25

"Os homens são movidos e perturbados não pelas coisas, mas pelas opiniões que eles têm delas."
- Epicteto

‎"A sinceridade e a honestidade são as chaves do sucesso. Se puderes falsificá-las, estás garantido."
- Groucho Marx

“O castigo por não quereres participar na política é acabares governado por pessoas piores do que tu”.
- Platão

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Millôr Fernandes, "Poesia Matemática"

Às folhas tantas
do livro matemático

Um Quociente apaixonou-se
Um dia
Doidamente
Por uma Incógnita.

Olhou-a com seu olhar inumerável
E viu-a, do Ápice à Base...

Uma Figura Ímpar;
Olhos rombóides, boca trapezóide,
Corpo ortogonal, seios esferóides.

Fez da sua
Uma vida
Paralela à dela.

Até que se encontraram
No Infinito.

"Quem és tu?" indagou ele
Com ânsia radical.

"Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode chamar-me Hipotenusa."

E de falarem descobriram que eram
- O que, em aritmética, corresponde
A alma irmãs -
Primos-entre-si.

E assim se amaram
Ao quadrado da velocidade da luz.

Numa sexta potenciação
Traçando
Ao sabor do momento
E da paixão
Retas, curvas, círculos e linhas sinoidais.

Escandalizaram os ortodoxos
Das fórmulas euclideanas
E os exegetas do Universo Finito.

Romperam convenções newtonianas
E pitagóricas.
E, enfim, resolveram casar-se.

Constituir um lar.
Mais que um lar.
Uma Perpendicular.

Convidaram para padrinhos
O Poliedro e a Bissetriz.

E fizeram planos, equações e
Diagramas para o futuro
Sonhando com uma felicidade
Integral
E diferencial.

E casaram-se e tiveram
Uma secante e três cones
Muito engraçadinhos.

E foram felizes
Até àquele dia
Em que tudo, afinal,
Se torna monotonia.
Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum...

Frequentador de Círculos Concêntricos.
Viciosos.
Ofereceu-lhe, a ela,
Uma Grandeza Absoluta,
E reduziu-a a um Denominador Comum.

Ele, Quociente, percebeu
Que com ela não formava mais Um Todo.
Uma Unidade.

Era o Triângulo,
Chamado amoroso.
E desse problema ela era a fracção
Mais ordinária.

Mas foi então que Einstein descobriu a
Relatividade.
E tudo que era espúrio passou a ser
Moralidade

Como aliás, em qualquer
Sociedade.

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Texto extraído do livro "Tempo e Contratempo", Edições O Cruzeiro - Rio de Janeiro, 1954, pág. sem número, publicado com o pseudônimo de Vão Gogo.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Citações #24

"Não vemos as coisas como são: vemos as coisas como somos."
- Anais Nin

"Não te alongues a contar as tuas façanhas, nem os perigos que terás passado; não podes querer que os outros tenham tanto prazer em escutar-te como tu em contá-los."
- Epicteto

"Para que merda serve viver, se não acreditar em algo melhor que me espera?
- Eduardo Galeano

Para conhecermos os amigos é necessário passar pelo sucesso e pela desgraça. No sucesso, verificamos a quantidade e na desgraça, a qualidade
- Confúcio

"Nada une tão fortemente como o ódio - nem o amor, nem a amizade, nem a admiração."
- Anton Pavlovich Tchekhov

"Não há nada no mundo que esteja melhor repartido do que a razão: toda a gente está convencida de que a tem de sobra."
- René Descartes

"É melhor ser pessimista do que optimista. O pessimista fica feliz quando acerta e quando erra."
- Millôr Fernandes

"Quem quer fazer alguma coisa, encontra um meio. Quem não quer, encontra uma desculpa."
- Provérbio árabe

"Se falares a um homem numa linguagem que ele compreenda, a tua mensagem entra na sua cabeça. Se lhe falares na sua própria linguagem, a tua mensagem entra-lhe directamente no coração."
- Nelson Mandela

"O segredo da felicidade é o seguinte: deixar que os nossos interesses sejam tão amplos quanto possível, e deixar que as nossas reacções em relação às coisas e às pessoas sejam tão amistosas quanto possam ser."
- Bertrand Russell

"Só há um caminho para a felicidade. Não nos preocuparmos com coisas que ultrapassam o poder da nossa vontade."
- Epicuro


segunda-feira, 4 de julho de 2011

Newton Faulkner, "Teardrop" (Massive Attack)



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Love, love is a verb
Love is a doing word
Fearless on my breath
Gentle impulsion
Shakes me, makes me lighter
Fearless on my breath

Teardrop on the fire
Fearless on my breath

Nine night of matter
Black flowers blossom
Fearless on my breath
Black flowers blossom
Fearless on my breath

Teardrop on the fire
Fearless on my breath

Water is my eye
Most faithful mirror
Fearless on my breath
Teardrop on the fire of a confession
Fearless on my breath
Most faithful mirror
Fearless on my breath

Teardrop on the fire
Fearless on my breath

Stumbling a little (2x)

quarta-feira, 29 de junho de 2011

"Pode-se prometer acções, mas não sentimentos, pois estes são involuntários. Quem promete a alguém amá-lo sempre, ou odiá-lo sempre, ou ser-lhe sempre fiel, promete algo que não está em seu poder."
- Friedrich Nietzsche, in 'Humano, Demasiado Humano'

terça-feira, 28 de junho de 2011

Tolerância não é igualdade!

"Eu sou contra a tolerância, porque ela não basta. Tolerar a existência do outro e permitir que ele seja diferente ainda é pouco. Quando se tolera, apenas se concede, e essa não é uma relação de igualdade, mas de superioridade de um sobre o outro. Sobre a intolerância já fizemos muitas reflexões. A intolerância é péssima, mas a tolerância não é tão boa quanto parece. Deveríamos criar uma relação entre as pessoas da qual estivessem excluídas a tolerância e a intolerância. "

- José Saramago, in 'Globo (2003)'

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Comentário:
Parece-me e talvez esteja enganado, que a relação de igualdade que Saramago refere, nos poderá conduzir a uma relativização moral absoluta, em que os valores de várias pessoas e sociedades são colocados numa plataforma igualitária.
Parece-me uma noção descabida!

Em alternativa, talvez o ser humano atingisse um estado em que todas as pessoas defendessem os mesmos ideais.
E este é um ideal comunista de massificação do ser humano!

Se, penso eu, colocar todos os valores em pé de igualdade é ridículo; ter todos os seres humanos alinhados pela mesma bitola, talvez seja patético!


P.S.
A tolerância, como Saramago bem percebeu, resulta de considerarmos os nossos valores superiores, mas, mesmo assim, permitirmos a outras pessoas e sociedades, cultivarem valores e práticas com as quais não concordamos.

A tolerância assume a sua máxima expressão e a sua máxima beleza quando dispomos de poder para impor os nossos valores a terceiros e mesmo assim lhes deixamos a liberdade de escolha para errar!

E esta simples questão, a do direito de escolher diferente, foi um conceito com o qual os comunistas nunca se deram bem!

domingo, 26 de junho de 2011

"Se falares a um homem numa linguagem que ele compreenda, a tua mensagem entra na sua cabeça. Se lhe falares na sua própria linguagem, a tua mensagem entra-lhe directamente no coração."
- Nelson Mandela

quinta-feira, 23 de junho de 2011


Esta tecnologia vai fazer parte do nosso futuro! É muito interessante... e assustador até dizer chega!
:-O

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In a future mind-controlling game, death row convicts are forced to battle in a 'doom'-type environment. Convict Kable, controlled by Simon, a skilled teenage gamer, must survive 30 sessions in order to be set free. Or won't he?

"Não vemos as coisas como são, vemos as coisas como somos."
- Anais Nin

quarta-feira, 22 de junho de 2011

"O ser humano não é intrinsecamente bom nem mau. O que verifico é que a bondade é mais difícil de alcançar e de exercer. E bem e mal são conceitos demasiado amplos. É mais fácil ser mau, mau nas suas formas menores, mau em tudo aquilo que nos afasta do outro, do que ser bom."
- José de Sousa Saramago


quarta-feira, 8 de junho de 2011

Snow Patrol, "Crack The Shutters"



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You cool your bedwarm hands down
On the broken radiator

When you lay them freezing on me
I mumble can you wake me later

But I don't really want you to stop
And you know it so it doesn't stop you

You run your hands from my neck
To my chest

Crack the shutters open wide
I want to bathe you in the light of day

And just watch you as the rays
Tangle up around your face and body

I could sit here for hours
Finding new ways to be awed each minute

'Cause the daylight seems to want you
Just as much as I want you

Its been minutes Its been days,
I remember all I will remember

Happy lost in your hair
And the cold side of the pillow

Your hills and valleys
Are mapped by my intrepid fingers

And in a naked slumber
I dream all this again

quinta-feira, 26 de maio de 2011

New Age Logic

"Contra todas as evidências, não existem coisas boas nem coisas más. Tudo depende do uso que fazemos delas. As boas podem revelar-se traiçoeiras e aquelas que à partida parecem más podem converter-se em oportunidades de crescimento."
- Laurinda Alves


Fixe! Contra todas as evidências... temos aquilo em que acreditamos!
Uma espécie de: não me venhas com os teus factos que eu tenho os meus argumentos...
:-O

quinta-feira, 21 de abril de 2011

terça-feira, 19 de abril de 2011

Milow, "the priest"




Milow, "Darkness ahead and behind"




Citações #23

"Não pode haver amizade sem confiança, nem confiança sem integridade."
- Samuel Johnson


"Não te alongues a contar as tuas façanhas, nem os perigos que terás passado; não podes querer que os outros tenham tanto prazer em escutar-te como tu em contá-los."
- Epicteto


"Quem quer fazer alguma coisa, encontra um meio. Quem não quer, encontra uma desculpa."
- Provérbio árabe

"A melhor definição de amor não vale um beijo de uma namorada."
- Joaquim Maria Machado de Assis


domingo, 10 de abril de 2011

Stanfour, "Life Without You" ft. Esmée Denters

Como se pode Proteger das Armadilhas das Redes Sociais

Como se pode Proteger das Armadilhas das Redes Sociais

Written by Advanced Plus on 09 April 2011


As redes sociais alteraram a relação entre utilizadores, a Internet e o resto do mundo. O Facebook ou o Twitter são muitas vezes usados para partilhar dados sobre a vida pessoal dos utilizadores ou para “desabafos” relacionados com o local de trabalho.


Mas a Internet é um local público e muitas vezes os comentários podem virar-se contra quem os faz. Se não criticaria o seu empregador publicamente ou não divulgaria o seu número de telefone a quem não conhece, por que razão o faz numa rede social.


“A regra fundamental é pôr o mínimo de dados pessoais ou quaisquer outros dados da vida privada, seja do próprio ou de outra pessoa, que podem vir a ser usados de forma incorrecta e com más intenções”, explica Vicky Fernandes, especialista em etiqueta, ao Diário Económico. Apesar da informação a partilhar ser sempre “do foro pessoal”, é importante ter em atenção que a publicação de informações detalhadas sobre a vida pessoal ou hábitos de fim de semana pode levar a “verdadeiros riscos de sérios crimes”.


Por isso mesmo, há limites relativamente à informação a partilhar, que deve ser seleccionada com cuidado. O Diário Económico apresenta dez exemplos do que não deve escrever nas redes sociais.


1. Comentários sobre o chefe ou o local de trabalho São vários os casos internacionais de funcionários despedidos por justa causa devido a comentários depreciativos sobre o chefe. “O trabalhador poderá incorrer numa violação do dever contratual de urbanidade e probidade que lhe é imposto”, garante o advogado Manuel Rocha Lopes.


E Vicky Fernandes lembra que “os recursos humanos das empresas acedem às páginas pessoais dos seus empregados e, por vezes, podem utilizar alguns comentários para fundamentar um processo disciplinar e até um despedimento”. Também se deve ter em atenção o tipo de informação confidencial que partilha. Por muito que queira contar o que está a fazer no novo projecto da sua empresa, essa informação pode ser benéfica para a concorrência.


2. Informação privada como número de telefone ou morada Partilhar o número de telefone e a morada nas redes sociais abre a porta a perigos como o roubo de identidade ou assaltos. Se disser que vai de férias e tiver, anteriormente, partilhado a sua morada, está a dizer ao mundo que a sua casa está vazia.


O simples facto de partilhar o número de telefone permite que os ‘hackers’ mais argutos consigam ter acesso à sua morada. “Os pais devem aconselhar os filhos menores a não colocarem os números de telefone e morada ou a marcar encontros com pessoas que conheçam através das redes sociais”, lembra Vicky Fernandes.


3. Conversas pessoais No Facebook existe a opção de mensagens privadas para partilhar informação do foro íntimo do utilizador. Se quiser comentar algum tema mais sensível com um amigo não precisa de o fazer no seu mural, da mesma forma como não o partilharia com um megafone no meio da rua.


4. Planos sociais Tal como as conversas privadas, os planos sociais podem ser combinados através de mensagens privadas. Se quiser combinar um jantar com um amigo não precisa de o fazer para toda a gente ler. Ser excluído de planos sociais deixa algumas pessoas com sentimento rejeição. Paralelamente, deve ter em atenção a “aceitação de pedidos de amizade de pessoas que não conhece ou conhece mal”, lembraVicky Fernandes.


5. Partilhar ‘sites’ Pode fazê-lo, mas fora do horário de expediente. Partilhar vídeos divertidos ou artigos insólitos mostram ao empregador que não está a ser tão produto como deveria.


Além disso, se tiver todas as redes sociais interligadas, o que partilha no Facebook aparece também no LinkedIn e os profissionais que tem nessa rede acedem. Por outro lado, não partilhe apenas a informação do seu ‘site’ ou blogue, assim como não deve usar as mensagens de Facebook para divulgar a sua empresa.


6. Fotografias da família Por muita vontade que tenha de mostrar a toda a gente as últimas tropelias dos seus filhos, deve pensar primeiro em quem tem como amigo na sua rede social. Só 40% dos utilizadores é que têm o acesso ao seu perfil restrito, por isso, se não está incluído nesta estatística, o melhor é não partilhar imagens dos seus filhos. Ou aproveite as opções de confidencialidade do Facebook e reserve o acesso desse álbum específico só à família e amigos mais próximos.


7. Informação financeira Contar os segredos do seu sucesso na bolsa de valores na rede ou o saldo da sua conta bancária parece senso comum mas, na altura da crise económica e financeira nos Estados Unidos, em 2009, era muito comum comentários sobre soluções financeiras ou casos particulares.


E, tal como não deve partilhar a sua morada, também não deve gritar ao mundo que comprou um carro topo de gama, por exemplo, e depois dizer que se vai ausentar de viagem para um destino longínquo.


8. A sua palavra-passe Ainda há quem incorra no erro de partilhar a sua ‘password’. Mesmo revelá-la a um amigo para que ele tome conta da sua quinta no Farmville durante as férias pode ter riscos.


Tratando-se de casais, é cada vez mais comum a invasão do perfil do parceiro por se conhecer a ‘password’. Proteja a sua privacidade. E tenha em atenção que a palavra-passe das redes sociais deve ser diferente da que usa no seu ‘e-mail’ pessoal e nos ‘sites’ onde está inscrito.


9. Protecção dos dados privados As redes sociais têm por vezes falhas na protecção dos dados dos utilizadores e outras vezes usam-nos sem a devida autorização. Quando se registar numa rede, tenha atenção à alínea que pergunta se os seus dados podem ser utilizados pela rede. As redes sociais não podem utilizar dados privados dos utilizadores sem o conhecimento e o consentimento prévio dos mesmos.


Algumas aplicações do Facebook pedem o acesso a dados pessoais o que, segundo um estudo da Universidade da Virgínia, não é necessário em 90% dos casos.


10. Nada que não queira ver partilhado Lembre-se sempre: a Internet é um espaço público e tudo o que comenta e partilha fica acessível a todos. “Cada internauta deve estar bem consciente da sua exposição e avaliar se ela é mesmo necessária e positiva”, conclui Vicky Fernandes.


11 Mandamentos para se progeter nas redes

1. Sempre que seja possível, torne o seu perfil privado.

2. Nunca divulgue dados pessoais como, morada, número de telefone, ‘e-mail’, local de emprego, escola, localidade, excepto se a conta for institucional.

3. Nunca divulgue informações pessoais como dias em que vai de férias, dias em que se ausenta de férias ou por outros motivos

4. Tenha cuidado com as fotografias que publica.

5. Evite publicar fotos ou vídeos dos seus filhos.

6. Visite com frequência as contas dos seus filhos para verificar os amigos e as fotos que eles publicam.

7. Não aceite convites de amizade por tudo e por nada.

8. Tenha cuidado com ‘links’ que recebe em mensagens nas redes sociais.

9. Tome atenção quando se associa a determinados grupos, pondere sempre as implicações que os conteúdos desses grupos possam ter.

10. Utilize as ferramentas de privacidade que as aplicações fornecem.

11. Evite fazer comentários sobre o seu empregador ou empresa em que trabalha, para evitar sanções de quaisquer tipos.





quinta-feira, 7 de abril de 2011

Citações #22

É melhor ser pessimista do que optimista. O pessimista fica feliz quando acerta e quando erra.
- Millôr Fernandes

Não há nada no mundo que esteja melhor repartido do que a razão: toda a gente está convencida de que a tem de sobra
- René Descartes

Os homens estão empenhados mil vezes mais em adquirir riqueza do que formação espiritual; no entanto, seguramente, o que se «é» contribui muito mais para a nossa felicidade do que o que se «tem».
- Arthur Schopenhauer

Se quiséssemos ser apenas felizes, isso não seria difícil. Mas como queremos ficar mais felizes do que os outros, é difícil, porque achamos os outros mais felizes do que realmente são
- Baron de la Brede et de Montesquieu

As pessoas felizes lembram o passado com gratidão, alegram-se com o presente e encaram o futuro sem medo
- Epicuro

Não sintas pena de ti próprio. Apenas os burros o fazem.
- Haruki Murakami

Não interessa que um ser seja crente ou não; é muito mais importante que ele seja bom.
- Dalai Lama

Quem não ama a solidão, também não ama a liberdade: apenas quando se está só é que se está livre
- Arthur Schopenhauer


Todos sabemos que cada dia que nasce é o primeiro para uns e será o último para outros e que, para a maioria é só um dia mais.
- José Saramago



terça-feira, 5 de abril de 2011

Thomas J. McFarlane, "Einstein e Buda, palavras comuns"




Calcula aquilo que o homem sabe e não haverá comparação com aquilo que ele não sabe.
- Chuang Tzu

O verdadeiro valor do ser humano é determinado antes de mais, pela medida e pelo sentido em que este logrou libertar-se do seu ego.
- Albert Einstein

Para o cientista, assim como para o místico, a beleza anda de mão dada com a verdade.
- Thomas J. McFarlane

Aqueles que não sentirem um choque ao depararem com a teoria quântica não poderão tê-la entendido.
- Niels Bohr

Dizes então que vais fazer do Certo o teu mestre e livrar-te do Errado, ou fazer da Ordem o teu mestre e livrar-te da Desordem? Se o fizeres, então não percebeste (...). É impossível, obviamente.
- Chuang Tzu

sexta-feira, 18 de março de 2011

Piso de coentros

Ingredientes:
0,5 dl de azeite
1/2 molho de coentros
2 dentes de alho
sal ou flor de sal q.b.

Preparação:
1. Deitar o alho, os coentros picados grosseiramente e o azeite num liquidificador.

2. Reduza a mistura a puré com uma consistência a seu gosto.

Utilização:
Utilize este preparado para dar sabor a massas, migas ou para temperar carne grelhada. Combina muito bem com costeletas de borrego grelhadas.


quinta-feira, 17 de março de 2011

Poliamor ou Da Dificuldade de Parir um Meme Substantivo

Por Daniel Cardoso
March 1, 2011
Secção: Ensaio

Poliamor.
Um substantivo.
Uma palavra com uma longa história, um meme que explodiu recentemente em Portugal, embora tenha vindo a crescer sucessivamente nos países de língua inglesa desde há quase duas décadas.

Se traçar a história deste movimento é algo relativamente simples, muito mais complicado, por comparação, é traçar a história desta palavra, que nasceu antes de nascer, que nasceu várias vezes, em vários contextos diferentes, muito embora boa parte dessas vezes tenha sido como adjectivo.

E isso prova bem – a este ponto retornarei mais tarde – a diferença fundamental entre adjectivos e substantivos, entre fazer e ser. De resto, o texto esteve para se chamar «Poliamor, ou Da Falta de Originalidade que o Amor Tem». Mas este título tem mais trocadilhos.

O objectivo deste texto é fazer uma breve história desta palavra. Isso vai-nos levar, por incrível que pareça, a 1953 e a uma série de ferramentas online sem as quais a feitura deste artigo seria praticamente impossível. Antes disso, há que oferecer uma definição do que é, afinal, esta palavra no seu contexto contemporâneo, no seu contexto como movimento social emergente.

Haritaworn et alia (2006: 518) definem poliamor como «a suposição [assumption] de que é possível, válido e valioso [worthwhile] manter relações íntimas, sexuais e/ou amorosas com mais do que uma pessoa».

Poli-Pré-História
A base deste trabalho parte de uma confirmação, compilação e aprofundamento do trabalho levado a cabo pelo blog Polyamory in the News, onde o seu autor – Alan – tem vindo a pesquisar sobre a origem da palavra, usando as mesmas ferramentas à disposição de qualquer utilizador da Internet: as da Google.

As primeiras ocorrências deste campo lexical fazem-se na forma de adjectivação, com um sentido semelhante a uma acepção geral do conceito (e que seria, apesar de tudo, actualmente considerada incorrecta pela comunidade): a atracção ou prática sexual com várias pessoas. Vamos então olhar brevemente para as primeiras ocorrências de palavras da família de «poliamor».

O primeiro registo bibliográfico que conhece, até à data, é de 1953, e surge na Illustrated History of English Literature, Volume 1, por Alfred Charles Ward – a Henrique VIII é dado o adjectivo de «determinado poliamorista», enquanto se comenta o surgimento do protestantismo na Inglaterra, algo que surge, de acordo com o autor, precisamente por causa desta característica do rei.

Claro que esta utilização tem uma conotação necessariamente irónica e negativa, mas demonstra já como esta junção de raízes latinas e gregas vem de longa data, embora actualmente a palavra na sua forma adjectivada tenda a ser «poliamoros@» (mais sobre qual seria a forma correcta de escrever aqui).

A referência seguinte cabe à palavra «poliamorosa», que surge numa obra de ficção, Hind’s Kidnap, de Joseph McElroy, em 1969, associada à ideia de que a instituição «Família» está «acabada».

Mais uma vez, uma conotação negativa, e já aqui a tensão se cria entre um arranjo familiar não-monogâmico e a possibilidade de que a ideia de família (tradicional, normativa) poderia ser posta em causa.

Agora de França, e saltando alguns anos para 1971, na publicação XVIIe Siècle, Joséphine Grieder diz que «ser politeísta é ser poli-amoroso» (esta afirmação é depois citada em La Rochefoucauld and the Seventeenth-Century Concept of Self, de Vivien Thweatt, publicado em 1980).

Um comentário interessante, que liga o paganismo e a espiritualidade de inspiração druídica ao conceito de se ser «poli-amoroso», na ligação com várias divindades e aspectos da divindade – ligação essa que, de resto, inclui ainda o hífen, nesta estranha relação entre duas etimologias diferentes, feitas colar ou colidir.

Aproximamo-nos mais ainda do tema nos seus moldes actuais em 1972, quando surge um livro de seu nome Marriage: For & Against, de Harold Hart , em que o autor diz «Parece-me bastante óbvio que as pessoas são muito comummente poliamorosas» (p. 201) mas também, noutra passagem, «Pode dar-se o caso, como dizem alguns, que as mulheres, por natureza, não são poliamorosas […] muitos poucos homens ou mulheres são verdadeiramente polígamos; poucos estariam inclinados a envolverem-se em duas ou mais…» – a pré-visualização fica-se por aí, mas esta questão está longe de ser arrumada, e faz ainda parte de muitas discussões online sobre o contemporâneo entendimento de poliamoroso: se existirá ou não uma qualquer pulsão biológica, genotípica, natural que predisponha os humanos para os relacionamentos não-monogâmicos.

Dentro dessa retórica, a monogamia é então construída como uma imposição social com uma qualquer racionalidade por detrás (controlo de poder económico, sexual, moral, entre outros, para exemplificar).

O contexto começa a mudar: a referência seguinte encontra-se nos resumos do 7.º encontro anual da Associação Americana de Antropologia (de 1975). Encontra-se na biografia apresentada de Carol Motts, onde se alude a um futuro da humanidade, no século XXIII, dominado pelo homo pacifis, cujas características incluem ser «individualístico, livre-pensador, poliamoroso, vegetariano».

Aqui dá-se um encontro de duas correntes, a académica e a da ficção científica – a ficção científica que é, pelas mãos de Robert Heinlein (e, entre outros, do seu livro Um Estranho Numa Terra Estranha) uma das principais inspirações do contemporâneo movimento poliamoroso, e uma das referências mais frequentemente encontradas.

O adjectivo surge outra vez em 1977, numa obra sobre as representações na ficção da I Guerra Mundial (The First World War in Fiction, de Holger Klein), em que Itália aparece como «poliamorosa-incestuosa». Mas dois anos depois, em 1979 , estabelece-se uma ligação entre o uso deste adjectivo e a comunidade LGBT; em The Gay Report: Lesbians and Gay Men Speak Out About Sexual Experiences and Lifestyles, foge-se à ideia de bissexualidade como sendo demasiado limitativa e, para a substituir, usa-se «poli-amoroso, querendo dizer muitos tipos de relações amorosas com muitos tipos de pessoas».

Aqui se nota uma das tensões primárias em torno da corrente ideia de poliamor: estamos por ventura perante uma identidade de orientação sexual?

Qual é a relação do poliamor com as práticas sexuais que podem (ou não) estar envolvidas? (Nota: não, efectivamente não podemos confundir poliamor com uma identidade de orientação sexual, porque estamos perante uma identidade de relação; por outro lado, em várias entrevistas jornalísticas em que participei, esta dúvida surgiu mais do que uma vez, portanto parece ainda ser actual referi-lo.)

Sobram ainda duas outras referências deste poli avant la lettre: novamente numa obra de ficção, The Disinherited, por Matt Cohen, em 1986, onde se fala de «perversão poliamorosa»; por fim, na New Scientist de 22 de Abril de 1989, um artigo que fala sobre o avô de Charles Darwin e o seu poema erótico em que plantas são tratadas como pessoas, que levam a cabo as suas «tramas poliamorosas».

Daquilo que se conhece, até ao momento, estas são as únicas referências que pré-datam a história da palavra como substantivo. Entra agora o ponto de viragem, e vemos este meme a nascer (mais uma vez, parece e, mesmo assim, em duplicado).

A Poli-História, Parte 1
Já se falou aqui de uma referência espiritualista, e essa é mesmo o ponto de origem da primeira referência ao «poliamor», que veio da Igreja de Todos os Mundos (e que é, na verdade, o nome da igreja que o personagem principal de Um Estranho Numa Terra Estranha cria, no livro) que a noção de poliamor nasceu em 1990.

Morning Glory Zell-Ravenheart publicou, na newsletter (que mais tarde passou a revista) Green Egg, um artigo chamado «A Bouquet of Lovers», em Maio desse ano. Nesse artigo, constava uma nova palavra: «poly-amorous», um adjectivo que se referia a pessoas que tivessem relações amorosas e sexuais com mais do que uma pessoa simultaneamente, ou que o quisessem fazer, e que reconhecessem o direito de outros o fazerem.

De acordo com Oberon Zell, tal como relatado por Alan no seu blog Poly in the Media, poucos meses depois, em Agosto do mesmo ano, a Igreja de Todos os Mundos foi convidada a um evento público em Berkeley, e organizou um Glossário de Terminologia Relacional para lá apresentar – aí sim, pela primeira vez, foi usada a palavra «polyamory», poliamor em português. No entanto, esta foi uma criação e utilização da palavra para um círculo relativamente restrito de receptores: essencialmente neo-pagãos como a própria Morning Glory e Oberon.

A palavra tinha já então sido criada mas não desfrutava de circulação suficiente para se tornar uma referência internacional com a projecção que possui hoje em dia – Ryam Nearing ainda publicará em 1992 um livro chamado The Polyfidelity Primer, onde poliamor não encontra qualquer expressão, muito embora a ideia que lá se fizesse passar fosse essencialmente essa.

Desde então, uma boa parte da comunidade pagã em torno de Oberon e da sua família tem estado profundamente ligada à difusão de meios alternativos de pensar a família, sempre dentro de uma lógica religiosa, pagã e espiritualista – o que, apesar disso, não é dizer pouco, tendo em conta a projecção nacional nos EUA. De resto, outra das figuras de proa dessa vertente do movimento poliamoroso é a própria Deborah Anapol.

Fundou, junto com Ryam Nearing, a Loving More Magazine em 1995; em Março de 1997, publicou o livro Polyamory: The New Love Without Limits, que é, até à data, um dos ex-libris do movimento poliamoroso na sua vertente espiritualista, tantra e pagã.

A Poli-História, Parte 2
A outra vertente do poliamor tem um pendor marcadamente menos religioso ou transcendentalista, podendo mesmo dizer-se que parece bastante mais cosmopolita, e talvez até menos preocupada em mostrar-se anti-capitalista e mais em resolver alguns dos problemas corriqueiros que surgem nas relações amorosas não-monogâmicas consensuais dos países de «Primeiro Mundo» da sociedade ocidental.

Apesar de não existirem ainda dados quantitativos que permitam fundamentar indubitavelmente esta questão, parece ser este o modelo que mais influenciou, por exemplo, a comunidade poliamorosa em Portugal ou, pelo menos, a mais expressiva.

Uma mulher, chamada Jennifer Wesp, estava a debater «a moralidade de ter relações não-monogâmicas, na [mailing list] alt.sex» com Mikhail Zelany, quando «[se cansou] de escrever não-monogamia [e] e não era boa prática retórica utilizar uma [palavra] negativa, hifenizada, para tentar fazer passar uma ideia positiva».

Assim, enquanto compunha um e-mail que ela própria considerava fazer parte de uma flame war, Wesp resolveu criar uma palavra que pudesse transmitir uma ideia positiva, que não estivesse linguisticamente vinculada a uma comparação directa com a monogamia.

Portanto, neste caso, como no anterior, a preocupação era criar uma palavra que viesse suprir uma falta sentida pelos intervenientes. Ao que parece, a palavra «não-monogamia» para Wesp, tal como a expressão «polifidelidade» para Morning Glory, ficavam em falta face ao conteúdo ideológico que se queria fazer passar. Havia algum elemento que precisava de ser reenquadrado, o que gerou uma irrupção de inovação linguística.

No caso de Jennifer Wesp, gerou-se um certo nível de interesse em torno dessa discussão, e dessa palavra, ou antes, dessa discussão surgiu a massa crítica suficiente para criar uma nova mailing list da Usenet – a 20 de Maio de 1992. A mensagem, e subsequente conversa, que propõe a criação do grupo está ainda disponível online.

Esta discussão é, em si, reveladora de boa parte do que já acima se tinha mencionado: onde colocar (dentro da hierarquia da Usenet) um grupo para falar sobre poliamor? E de onde surge, afinal, esta palavra, que não se encontra em nenhum dicionário? Isto tem mais que ver com romance ou com sexualidade?

A palavra existiria com ou sem um hífen a separar (sendo que a proposta inicial de Wesp inclui um hífen e o grupo final não)? Tudo isto perguntas levantadas por várias pessoas que estavam envolvidas na discussão.

No início, Wesp contava com cerca de 30 pessoas que, achava ela, iriam ter interesse em colocar lá mensagens e dinamizar a lista de discussão. Ela própria admite que a palavra foi inventada, que não é uma «palavra a sério» mas que «se pode sempre ter esperança».
Mal sabia ela…

A Força do Meme
Para uma palavra tão inventada e reinventada, para uma série de constantes ressurgimentos tão obscuros, para uma mailing list de 30 pessoas, numa altura em que a Internet era o privilégio de poucos e praticamente não existia na forma em que actualmente a conhecemos, «poliamor» é um meme que até teve sucesso.

E, de acordo com o Google N-Gram Viewer, as referências têm vindo a crescer imenso; quando esse crescimento se compara com a expressão «poligamia», por exemplo, vê-se que esta tem tido uma estabilização e até alguma perda de relevância, embora se ressalve que, ainda assim, «poligamia» é uma palavra várias vezes mais frequente.

O objectivo desta pequena viagem histórica não é, de forma alguma, pretender indicar que os vários surgimentos desta expressão, na sua versão adjectivo, comportavam já os indicadores determinantes de quais iam ser as principais problemáticas do movimento poliamoroso.

Ainda assim, estamos perante uma palavra que desperta ideias – contra e a favor – e que suscita determinadas filiações que têm vindo a repetir-se e a repercutir-se ao longo desta breve história (muito pouco amorosa, afinal de contas).

Um último pensamento: é nestes momentos que se entende a diferença fundamental entre um adjectivo e um substantivo. O poliamor, como identidade memética, só ganhou força quando surgiu, efectivamente, como um substantivo de pleno direito.

É ao ganhar o nome que o poliamor permite aos seus sujeitos adquirir uma identidade, adquiri-lo como identidade para si mesmos e a partir desse ponto estabelecer uma política de identidade, apresentar uma face, uma moralidade, estabelecer um padrão ou conjunto de padrões – e, a partir daí, abrir uma série de questionamentos normativos, ao mesmo tempo que a existência de uma identidade poliamorosa abre o espaço à criação de uma outra normatividade.

Alternativa mas, ainda assim, normativa. Esse é o poder do meme, mas também é a sua ameaça. A força memética que alimenta a propagação de uma ideia é a mesma força que faz pender sobre essa ideia a possibilidade de imutabilidade, de permanência.

Talvez daqui a outros vinte anos (e com mais contribuições de ferramentas automáticas de recolha e compilação de dados) seja possível fazer uma história da palavra «poliamor» e afins mais completa, e encontrar outras coincidências (ou falta delas).

Para já, um glossário de terminologia relacional de inspiração neo-pagã e uma mailing list com cerca de 30 pessoas deram lugar a 394 mil resultados numa busca Google por «polyamory», 261 mil por «polyamorous» e 18.900 resultados para «poliamor»…


BibliografiaAlan. (2007). «Polyamory in the News: “Polyamory” enters the Oxford English Dictionary». Polyamory in the News!. Obtido a Janeiro 26, 2009, de http://polyinthemedia.blogspot.com/2007/01/polyamory-enters-oxford-english.html

Cardoso, Daniel (2010). Amando vári@s: Individualização, redes, ética e poliamor. Tese de Mestrado em Ciências da Comunicação da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa.
Haritaworn, Jin; Lin, Chin-Ju & Klesse, Christian. (2006). «Poly/logue: A Critical Introduction to Polyamory». Sexualities, 9(5), 515-529.

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Roubado daqui:
http://interact.com.pt/17/poliamor/

segunda-feira, 14 de março de 2011

Os valores da merda!

“Lá em casa não deixo a minha filha limpar a sanita depois de a usar. È uma questão de valores que tento transmitir...”

Foi mais ou menos isto que a minha conhecida disse quando eu mandei a filha dela puxar o autoclismo e usar o piaçaba depois de se ter servido do WC.

A miúda pediu desculpa e imediatamente se dirigiu para o local para resolver a coisa. Nisto, a mãe foi logo atrás e fez aquilo que (penso eu) deveria ser feito pela filha.

A resposta da mãe deixou-me um pouco para o alterado.
Ainda lhe disse que a Higiene não era uma questão de Valores.
Mas o que me apeteceu foi chamar-lhe uns quantos nomes.

Danado, não quis perguntar mais nada, porque conhecendo-me, provavelmente iria dizer algumas coisas bem agrestes.

Mas havia duas perguntas que deveria ter feito:
1. Que valores são esses que se transmitem ao não deixar que uma criança de 9 anos limpe a sanita depois de a ter usado.
2. Se ela vai à escola da miúda limpar. Ou se paga a alguém para o fazer!

Já andei a dar a volta à mioleira, mas não consigo perceber que valores se ensinam assim!

Deve ser defeito meu...

terça-feira, 1 de março de 2011

Chutney de Manga & com frutos secos

Chutney de Manga

Ingredientes:
4 kg de manga madura mas rija
1,5 dl de água
180 grs de açúcar
3 paus de canela
1 colher de chá cheia de boa mostarda
3 colheres de sopa de sumo de limão
2,5 dl de vinagre de vinho branco
60 grs de uvas passas brancas
1 colher de sopa de gengibre fresco ralado
3 malaguetas
2 colheres de chá de sal

Preparação:
Descasque as mangas e corte-as em bocados de 1,5 cm.
Numa panela misture o açúcar, vinagre, água, sumo de limão, sal e os paus de canela.
Leve a panela a lume moderado até que o açúcar se dissolva.
Ponha o lume no máximo e deixe ferver cerca de 2 minutos.
Adicione os cubos de manga, as passas, gengibre e a malagueta.
Deixe ferver cerca de 4 minutos + ou - até que a fruta esteja macia, junte a mostarda mexa e retire do lume.
Divida o chutney em frascos esterilizados e feche.
Coloque os frascos numa panela ponha água suficiente que ultrapasse o vidro leve ao lume.
Deixe levantar fervura tape a panela e deixe ferver por 10 minutos.
Deixe arrefecer e guarde em local fresco.
Sirva como acompanhamento de carnes assadas, grelhadas, fondue de carne etc..

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Chutney de Manga com frutos secos

Ingredientes:
1 manga grande ou 2 pequenas
2 peras
1 maçã reineta
6 ameixas secas
1 colher de sopa de sultanas (facultativo)
1 colher de sopa de pinhões (facultativo)
2 ou 3 dentes de alho
gengibre fresco +/- 2 cm
1 colher de café de pimenta moída no momento
1 colher de chá de pimenta em grão
1 cravo de cabecinha
1 colher de café de canela em pó
1 colher de chá de coentros em grão (sementes)
sal q.b.
raspa da casca de um limão
1,5 dl de Vinagre
2 colheres de sopa de mel

Preparação:
Descasque, retire os caroços e corte os frutos em pedaços pequenos. Retire os caroços das ameixas secas.

Num Pirex largo e fundo ponha todos os ingrediente, misture-os e leve ao micro-ondas por 10 a 15 minutos, tendo o cuidado de mexer de vez em quando.

Coloque em frascos, previamente escaldados e feche. Aguenta-se por vários meses se necessário.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Citações #21

"O mal é a ausência do homem no homem"
- Eugénio de Andrade

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"Uma vida feliz deve ser em grande parte uma vida tranquila, pois só numa atmosfera calma pode existir o verdadeiro prazer."
- Bertrand Russell

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"Se quiséssemos ser apenas felizes, isso não seria difícil. Mas como queremos ficar mais felizes do que os outros, é difícil, porque achamos os outros mais felizes do que realmente são."
- Montesquieu

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"O amor é mestre, mas é preciso saber adquiri-lo, porque se adquire dificilmente, ao preço de um esforço prolongado; é preciso amar, de facto, não por um instante, mas até ao fim."
- Fiodor Dostoievski

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Todos os dias os encontro. Evito-os. Às vezes sou obrigado a escutá-los, a dialogar com eles. Já não me confrangem. Contam-me vitórias. Querem vencer, querem, convencidos, convencer. Vençam lá, à vontade. Sobretudo, vençam sem me chatear.
- Alexandre O´Neill

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Teimosia & educação

Roubado daqui:
Andanças Medievais: Teimosia

A teimosia é vista como um grande defeito, algo a corrigir, principalmente, quando a pessoa "teimosa" ignora conselhos que lhe sejam dados e persiste na sua intenção.

Eu já aqui chamei a atenção para a frase do Prof. Eduardo Sá, autor do livro Sindicato da Bondade: "Ninguém educa com bons conselhos, mas com bons exemplos". Crianças e jovens, principalmente, não têm paciência para ouvir "bons conselhos", preferem ficar à espreita da primeira oportunidade de os contrariar.

Se alguém (seja criança, ou adulto) insiste em fazer algo, claro que se lhe pode dar a nossa opinião, mas seria bom que prescindíssemos de censurar, ou julgar, essa pessoa, por ela levar a sua avante. A melhor maneira de aprendermos algo é cometendo erros.

Os animais não entendem a nossa linguagem, o que nos treina a aceitar a teimosia, ao mesmo tempo que nos mostra como as experiências (principalmente, as más) ensinam melhor do que qualquer conselho. Tivemos um cãozinho (o nosso saudoso Eddie) que, em cachorrinho, insistia em transportar pauzitos na boca ao comprido, assim como se de um charuto se tratasse. Tínhamos medo que ele se magoasse e fazíamos trinta por uma linha para lhe dar a entender que era muito melhor transportar aquele objecto atravessado.

Em vão, claro. Por outro lado, não queríamos impedir que ele brincasse com pauzitos e íamos aturando aquele comportamento. Até ao dia em que um pauzinho bateu no chão e a outra extremidade lhe foi de encontro ao céu da boca. O Eddie ganiu com dores. Mas, a partir daí, transportou sempre os pauzitos como devia ser!

Os pais gostariam de poupar os filhos a experiências más e/ou dolorosas, mas, na verdade, assim se aprendem as lições para a vida. Como nos diz o psicólogo alemão Karl König, a aprendizagem resultante da sequência tentativa/erro é essencial para a criança. O papel dos pais será mais o de acompanhantes, mostrando compreensão para os problemas e as angústias dos filhos, independentemente da idade destes.

Claro que também são orientadores, mas, na medida do possível, sem julgamentos ou censuras. Não é vergonha nenhuma admitir que se errou, pelo contrário. Por isso, será bom evitar frases do género: "Estás a ver? Eu bem te disse. Bem feito!" Isto gera vergonha, por se ter errado. E, ainda, raiva, revolta e falta de confiança nas próprias capacidades.

Em vez de teimosa, eu prefiro dizer que sou persistente, que tenho objectivos a atingir e que não deixo que ninguém me impeça de fazer aquilo que acho certo (não vale prejudicar terceiros, claro). Se, mais tarde, constato que estava errada, resta-me a grandeza de o admitir. Sem vergonha!

Nightwish, "Over the Hills and Far Away"

Citações #20

"Questionar a nossa própria possibilidade de falar "a Verdade" é algo que me parece fundamental."
- Daniel Cardoso

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"Nascer entre brutos, viver entre brutos e morrer entre brutos é triste."
- Rodrigo da Fonseca, 1858

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"Os poderosos fazem o que querem, os fracos sofrem como devem."
- Tucídides

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Andanças Medievais: Relativizar

Devíamos estudar todos os dias astrofísica, para nunca nos esquecermos da insignificância dos nossos problemas.

A propósito deste post publicado pela Namorada de Wittgenstein, lembrei-me de uma entrevista a um astronauta alemão, que vi na TV.

Já foi há algum tempo, não me lembro das palavras exactas dele, mas, perguntado sobre a sensação que era ver a Terra ao longe, ele contou algo do género: "ao ver o nosso planeta do Espaço, claro que nos damos conta de como somos pequeninos, irrisórios e, acima de tudo, de como os nossos problemas são mesquinhos. Porquê irritar-se com o vizinho? Com a política? Se o dinheiro chega, ou não, para comprar o carro que desejamos? Alguns dias depois de regressar à Terra, a minha filha de quatro anos veio ter comigo a chorar, porque não sabia onde estava o seu ursinho de peluche favorito. Deveria dizer-lhe que essa sua preocupação era ridícula, quando comparada com o Cosmos? Claro que não. Dei comigo a perder o meu precioso tempo à procura do ursinho de peluche".

Tudo isto me levou a escrever sobre o tão apregoado "relativizar". Acontece que não sou grande apologista desta prática. Quer isso dizer que acho que nos devemos irritar por "dá cá aquela palha"? Também não. A verdade é que só se irrita com "bagatelas" quem se sente infeliz, para quem a vida nada mais é do que um grande vazio. E não é ridicularizando essas pessoas que as ajudamos, porque isso só contribui para diminuir a sua auto-estima.

O relativizar pressupõe o desvalorizar e/ou o ignorar de algo que nos preocupa ou atormenta. O que leva ao seu recalcamento. Por mais trivial que seja a razão, é importante criar empatia e compreensão pelos problemas (dos outros e dos próprios). Mesmo que nos pareçam irrisórios. Ao relativizar algo, temos a sensação que estamos a aliviar uma pessoa (ou nós próprios) do problema, mas fazemos o contrário: mostramos incompreensão, transmitimos a mensagem: tu és ridículo/a, só te preocupas com bagatelas. Isto envergonha-nos, o que diminui a auto-estima. E a auto-estima é a base onde assenta a nossa felicidade.

O relativizar pode mesmo tornar-se numa prática perigosa, ao contribuir para o ignorar de problemas sérios, como expressou Fernanda Matias, num comentário a um post sobre essa grande e grave doença que é a depressão, publicado por Laurinda Alves no seu blogue: Quem está à volta tantas vezes relativiza : é do inverno, é do trabalho... Importante mesmo é estar atento e não subvalorizar os sinais ou consequências.

Por isso, pense duas vezes, antes de começar a relativizar. Seja consigo mesmo, ou com os outros, principalmente, com crianças.

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Roubado daqui:
http://andancasmedievais.blogspot.com/2011/01/relativizar.html

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011