sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Andanças Medievais: Relativizar

Devíamos estudar todos os dias astrofísica, para nunca nos esquecermos da insignificância dos nossos problemas.

A propósito deste post publicado pela Namorada de Wittgenstein, lembrei-me de uma entrevista a um astronauta alemão, que vi na TV.

Já foi há algum tempo, não me lembro das palavras exactas dele, mas, perguntado sobre a sensação que era ver a Terra ao longe, ele contou algo do género: "ao ver o nosso planeta do Espaço, claro que nos damos conta de como somos pequeninos, irrisórios e, acima de tudo, de como os nossos problemas são mesquinhos. Porquê irritar-se com o vizinho? Com a política? Se o dinheiro chega, ou não, para comprar o carro que desejamos? Alguns dias depois de regressar à Terra, a minha filha de quatro anos veio ter comigo a chorar, porque não sabia onde estava o seu ursinho de peluche favorito. Deveria dizer-lhe que essa sua preocupação era ridícula, quando comparada com o Cosmos? Claro que não. Dei comigo a perder o meu precioso tempo à procura do ursinho de peluche".

Tudo isto me levou a escrever sobre o tão apregoado "relativizar". Acontece que não sou grande apologista desta prática. Quer isso dizer que acho que nos devemos irritar por "dá cá aquela palha"? Também não. A verdade é que só se irrita com "bagatelas" quem se sente infeliz, para quem a vida nada mais é do que um grande vazio. E não é ridicularizando essas pessoas que as ajudamos, porque isso só contribui para diminuir a sua auto-estima.

O relativizar pressupõe o desvalorizar e/ou o ignorar de algo que nos preocupa ou atormenta. O que leva ao seu recalcamento. Por mais trivial que seja a razão, é importante criar empatia e compreensão pelos problemas (dos outros e dos próprios). Mesmo que nos pareçam irrisórios. Ao relativizar algo, temos a sensação que estamos a aliviar uma pessoa (ou nós próprios) do problema, mas fazemos o contrário: mostramos incompreensão, transmitimos a mensagem: tu és ridículo/a, só te preocupas com bagatelas. Isto envergonha-nos, o que diminui a auto-estima. E a auto-estima é a base onde assenta a nossa felicidade.

O relativizar pode mesmo tornar-se numa prática perigosa, ao contribuir para o ignorar de problemas sérios, como expressou Fernanda Matias, num comentário a um post sobre essa grande e grave doença que é a depressão, publicado por Laurinda Alves no seu blogue: Quem está à volta tantas vezes relativiza : é do inverno, é do trabalho... Importante mesmo é estar atento e não subvalorizar os sinais ou consequências.

Por isso, pense duas vezes, antes de começar a relativizar. Seja consigo mesmo, ou com os outros, principalmente, com crianças.

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Roubado daqui:
http://andancasmedievais.blogspot.com/2011/01/relativizar.html

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011