segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Teimosia & educação

Roubado daqui:
Andanças Medievais: Teimosia

A teimosia é vista como um grande defeito, algo a corrigir, principalmente, quando a pessoa "teimosa" ignora conselhos que lhe sejam dados e persiste na sua intenção.

Eu já aqui chamei a atenção para a frase do Prof. Eduardo Sá, autor do livro Sindicato da Bondade: "Ninguém educa com bons conselhos, mas com bons exemplos". Crianças e jovens, principalmente, não têm paciência para ouvir "bons conselhos", preferem ficar à espreita da primeira oportunidade de os contrariar.

Se alguém (seja criança, ou adulto) insiste em fazer algo, claro que se lhe pode dar a nossa opinião, mas seria bom que prescindíssemos de censurar, ou julgar, essa pessoa, por ela levar a sua avante. A melhor maneira de aprendermos algo é cometendo erros.

Os animais não entendem a nossa linguagem, o que nos treina a aceitar a teimosia, ao mesmo tempo que nos mostra como as experiências (principalmente, as más) ensinam melhor do que qualquer conselho. Tivemos um cãozinho (o nosso saudoso Eddie) que, em cachorrinho, insistia em transportar pauzitos na boca ao comprido, assim como se de um charuto se tratasse. Tínhamos medo que ele se magoasse e fazíamos trinta por uma linha para lhe dar a entender que era muito melhor transportar aquele objecto atravessado.

Em vão, claro. Por outro lado, não queríamos impedir que ele brincasse com pauzitos e íamos aturando aquele comportamento. Até ao dia em que um pauzinho bateu no chão e a outra extremidade lhe foi de encontro ao céu da boca. O Eddie ganiu com dores. Mas, a partir daí, transportou sempre os pauzitos como devia ser!

Os pais gostariam de poupar os filhos a experiências más e/ou dolorosas, mas, na verdade, assim se aprendem as lições para a vida. Como nos diz o psicólogo alemão Karl König, a aprendizagem resultante da sequência tentativa/erro é essencial para a criança. O papel dos pais será mais o de acompanhantes, mostrando compreensão para os problemas e as angústias dos filhos, independentemente da idade destes.

Claro que também são orientadores, mas, na medida do possível, sem julgamentos ou censuras. Não é vergonha nenhuma admitir que se errou, pelo contrário. Por isso, será bom evitar frases do género: "Estás a ver? Eu bem te disse. Bem feito!" Isto gera vergonha, por se ter errado. E, ainda, raiva, revolta e falta de confiança nas próprias capacidades.

Em vez de teimosa, eu prefiro dizer que sou persistente, que tenho objectivos a atingir e que não deixo que ninguém me impeça de fazer aquilo que acho certo (não vale prejudicar terceiros, claro). Se, mais tarde, constato que estava errada, resta-me a grandeza de o admitir. Sem vergonha!

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