Editora Ulisseia
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DESENGANADO DO AMOR E DA FORTUNA
Fiei-me nos sorrisos da ventura
Em mimos feminis, como fui louco!
Vi raiar o prazer; porém tão pouco
Momentâneo relâmpago não dura:
(…)
Ah! Não me roubou tudo a negra sorte:
Inda tenho este abrigo, inda me resta
O pranto, a queixa, a solidão e a morte.
--
A RAZÃO DOMINADA PELA FORMUSURA
Importuna Razão, não me persigas;
Cesse a ríspida voz que em vão murmura;
Se a lei de Amor, se a força da ternura
Nem domas, nem contrastas, nem mitigas:
Se acusas os mortais, e os não abrigas,
Se (conhecendo o mal) não dás a cura,
Deixa-me apreciar minha loucura,
Importuna Razão, não me persigas.
(…)
--
XLIII
O RETRATO DE DEUS, DESFIGURADO
POR MINISTROS EMBUSTEIROS
(…)
Eis o Deus, que consola a humanidade,
Eis o Deus da razão, O Deus de Elmano;
Um déspota de enorme fortaleza,
Pronto sempre o rigor para a ternura,
Raio sempre na mão para a fraqueza:
(…)
--
EPIGRAMA
IV
Um chapado, um retumbante
Corifeu de medicina
Certa menina adorava,
ER adoeceu-lhe a menina.
Eis para curá-la o chamam,
Pela alta fama que tem;
Geme o doutor, e responde:
«Não vou, que lhe quero bem.»
--
VI
Lavrou o chibante receita
Um doutor com todo o esmero;
Era para certa moça
Que ficou sã como um pêro.
«Tão cedo! É milagre!» (assenta
A mãe, que de gosto chora).
«Minha mãe, não é milagre,
Deitei o remédio fora.»
--
LVI
Epitáfio
Aqui jaz um homem rico
Nesta rica sepultura:
Escapava da moléstia,
Se não morresse da cura.
--
CVI
A morte foi sensual
Quando ainda era menina:
Co pecado original
Teve cópula carnal,
E pariu a medicina.
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DESENGANADO DO AMOR E DA FORTUNA
Fiei-me nos sorrisos da ventura
Em mimos feminis, como fui louco!
Vi raiar o prazer; porém tão pouco
Momentâneo relâmpago não dura:
(…)
Ah! Não me roubou tudo a negra sorte:
Inda tenho este abrigo, inda me resta
O pranto, a queixa, a solidão e a morte.
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A RAZÃO DOMINADA PELA FORMUSURA
Importuna Razão, não me persigas;
Cesse a ríspida voz que em vão murmura;
Se a lei de Amor, se a força da ternura
Nem domas, nem contrastas, nem mitigas:
Se acusas os mortais, e os não abrigas,
Se (conhecendo o mal) não dás a cura,
Deixa-me apreciar minha loucura,
Importuna Razão, não me persigas.
(…)
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XLIII
O RETRATO DE DEUS, DESFIGURADO
POR MINISTROS EMBUSTEIROS
(…)
Eis o Deus, que consola a humanidade,
Eis o Deus da razão, O Deus de Elmano;
Um déspota de enorme fortaleza,
Pronto sempre o rigor para a ternura,
Raio sempre na mão para a fraqueza:
(…)
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EPIGRAMA
IV
Um chapado, um retumbante
Corifeu de medicina
Certa menina adorava,
ER adoeceu-lhe a menina.
Eis para curá-la o chamam,
Pela alta fama que tem;
Geme o doutor, e responde:
«Não vou, que lhe quero bem.»
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VI
Lavrou o chibante receita
Um doutor com todo o esmero;
Era para certa moça
Que ficou sã como um pêro.
«Tão cedo! É milagre!» (assenta
A mãe, que de gosto chora).
«Minha mãe, não é milagre,
Deitei o remédio fora.»
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LVI
Epitáfio
Aqui jaz um homem rico
Nesta rica sepultura:
Escapava da moléstia,
Se não morresse da cura.
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CVI
A morte foi sensual
Quando ainda era menina:
Co pecado original
Teve cópula carnal,
E pariu a medicina.
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