"Eu sou contra a tolerância, porque ela não basta. Tolerar a existência do outro e permitir que ele seja diferente ainda é pouco. Quando se tolera, apenas se concede, e essa não é uma relação de igualdade, mas de superioridade de um sobre o outro. Sobre a intolerância já fizemos muitas reflexões. A intolerância é péssima, mas a tolerância não é tão boa quanto parece. Deveríamos criar uma relação entre as pessoas da qual estivessem excluídas a tolerância e a intolerância. "
- José Saramago, in 'Globo (2003)'
--
Comentário:
Parece-me e talvez esteja enganado, que a relação de igualdade que Saramago refere, nos poderá conduzir a uma relativização moral absoluta, em que os valores de várias pessoas e sociedades são colocados numa plataforma igualitária.
Parece-me uma noção descabida!
Em alternativa, talvez o ser humano atingisse um estado em que todas as pessoas defendessem os mesmos ideais.
E este é um ideal comunista de massificação do ser humano!
Se, penso eu, colocar todos os valores em pé de igualdade é ridículo; ter todos os seres humanos alinhados pela mesma bitola, talvez seja patético!
P.S.
A tolerância, como Saramago bem percebeu, resulta de considerarmos os nossos valores superiores, mas, mesmo assim, permitirmos a outras pessoas e sociedades, cultivarem valores e práticas com as quais não concordamos.
A tolerância assume a sua máxima expressão e a sua máxima beleza quando dispomos de poder para impor os nossos valores a terceiros e mesmo assim lhes deixamos a liberdade de escolha para errar!
E esta simples questão, a do direito de escolher diferente, foi um conceito com o qual os comunistas nunca se deram bem!